Fechado!

Declaro fechado este blog por falta de participação dos seus administradores/autores!

Obrigado e voltem sempre!

(espero que os conteúdos já aqui postados sejam úteis aos seus visitantes!)

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Conto: Socialmente aceitável?

Inspiração: Modo Ausente;

Pensamento: Perdido;

Ocasião: Inoportuna;

Este é o meu estado de espírito neste preciso momento. Então pessoa desde já desculpas, a todos os seguidores deste Blog e caros colegas escritores, por mesmo sem inspiração, com o pensamento a leste e sem vontade nenhuma, escrever.

Escrevo porque? Porque é o que um anárquico faz, cumpre a sua liberdade, auto-delimitada.

Vou-vos falar sobre um miúdo, de 18 anos, que vivia a sua vida de forma banal, como a maioria de todos nós, como todo e qualquer um banal jovem português que termina o 12º ano, aguardando pelos exames e esperando entrar na Universidade, para passar uma das melhores fazes da sua vida longe de casa, com o sacrifício dos pais, para regressar com um canudo para casa, para continuar a viver em casa dos pais até aos trinta anos ou mais, enquanto tira bicas num dos tantos cafés que existem na nossa capital.

Mas acontece que não há pessoas normais, que fazem o que as pessoas normais fazem, que seguem simplesmente o que os normais fazem, que normalizam o mundo, normalmente, não, o Individuo, chamemos-lhe assim, não é normal.

Ou pelo menos a sua história não o é. Pois só os normais conseguem subir os degraus das escadas da escola onde estuda. Só os normais conseguem ir entrar na escola sem ser pela rampa de apoio; só os normais conseguem fazer educação física “normalmente”.

São 7:30 h da manhã, o despertador toca, como de costume, Tiago tem que se despachar para não perder o autocarro para a escola e este ainda fica longe. Veste uma t-shirt larga, como de habitual, vermelha com desenhos brancos, umas calças largas, semi-rasgadas e com um cinto cheio de bicos, a condizer com a ideologia rebelde de qualquer adolescente de hoje em dia. Pega na mala e no boné e mete tudo junto à porta. Vai à cozinha, come um prato de cereais, daqueles que hoje se diz darem energia para tudo e mais alguma coisa, deixa a tigela a meio e sai em direcção da casa de banho, lava bem os dentes, perfuma-se bem, nunca se sabe quando se vai encontrar aquela miúda… passa no quarto mais uma vez porque se esqueceu do leitor de MP3, volta, pega na mala, põe um auscultador, boné na cabeça, calça os seus sapatos preferidos, largos como mandam as regras e com desenhos que mais parecem grafites, está pronto para mais um dia de aulas, mas antes há algo que tem que fazer, um beijinho à mãe e um “até logo filho, porta-te bem” a receber de volta, o pai esse já saiu de casa para ir trabalhar ainda antes de ele acordar.

Desce as escadas do prédio, pois o elevador já está avariado há 3 meses, sai à rua, atravessa a estrada e segue. Vai a ouvir o seu som preferido, hip-hop, balança, deslizando pelas calçadas escorregadias de Lisboa, vira na esquina, cumprimenta o mestre, da leitaria, segue, passo ante passo, distrai-se com as andorinhas no alto dos telhados que lhe parecem pássaros livres, talvez como ele gostaria de ser, farto de sacrifícios para isto e para aquilo, mas segue, não se atrasa. Continua o seu passo, jovem e atlético, Tiago não é nenhum sabichão na escola, tem notas médias, normais, e como todos os outros tem sonhos, normais, sonha em poder tirar o seu curso, sonha, mas quem sonha sempre alcança.

Talvez se a mãe conseguir emprego entretanto e o pai for aumentado… eu também posso trabalhar em par-time num sítio qualquer. Ou então tirar o curso à noite…

Chega à avenida, é suposto apanhar o autocarro do outro lado da estrada, para lá chegar ele tem pela frente duas passadeiras, tem que atravessar somente no verde, parar a meio, esperar novamente pelo sinal e atravessar a outra metade. Tudo normal, tal como ele, outras tantas pessoas o fazem todos os dias, muitos outros embarcam naquela paragem. No outro lado da estrada já o aguarda a sua amiga Joana, combinaram que o primeiro a chegar avisaria sempre o outro, assim foi mais uma vez.

São 8:20 h da manhã, ainda tem tempo, entra só ás 8:45 h. Tira os auscultadores, olha para os dois lados da estrada, sinal verde, pode passar. Chega ao a meio. Para, espera pelo sinal, a Joana faz-lhe adeus do outro lado, ele retribui, sorriem um para o outro. Ela é da mesma idade, morena de cabelo encaracolado, olhos castanhos, magra, igualmente toda dread, com calças com cintura descaída, rasgadas no joelho, um top branco, cinto com bicos, corrente na carteira, ténis adicolor, aqueles xailes que agora se usam no pescoço, piercing no nariz, nada de extravagante, uma pintinha do lado direito, óculos de sol e um sorriso de todo o tamanho para o seu melhor amigo.

8:22 h, sinal verde. Pode atravessar senhor peão. Vermelho para si senhor condutor, pare por favor. Tiago avança. Segue em frente e não repara, que alguém não reparou em si; que alguém não reparou que segue em excesso de velocidade; que o sinal está vermelho; que deveria ter travado metros atrás; que não devia ter saído tão tarde de casa; que devia parar.
Tiago é abalroado por um Wolksvagem Golf, preto. Bate no capo, rebola sob o mesmo, bate no pará-brisas, o carro trava então, e ele é projectado com a mesma velocidade a que o carro seguia, bate no chão, anda de rojo uns tantos metros, fica imóvel então. O carro contorna-o e segue.

8:23 h, Há sangue no chão, há o Tiago no chão, sem reacção. Há um amontoado de pessoas que se juntam à sua beira, Joana continua imóvel, não sabe que fazer, não sabe o que viu, não sabe o que aconteceu, não sabe o que sabe. É chamada uma ambulância. 5 min., parece não ser muito, mas podem ser muito, a ambulância parece tardar, mas não tarda, o tempo é que não avança, os segundos são horas e as horas séculos.

Uma equipa do INEM chega ao local, observa-o, mete-o na maca, não avançam pormenores, perguntam por conhecidos, encontram Joana, mas ela também parece precisar de cuidados, de sedativos para acalmar ou alguma coisa do género. Vão os dois.

8:39 h, Tiago dá entrada no hospital. A Família é avisada. Assim que podem chegam eles também. Anseiam saber do seu filho, o sonhador do seu filho. Os médicos chegam, para dar más noticias obviamente, eles só vêem quando é para dar mas noticias, caso contrario não vêem, vem uma enfermeira que nos conduz ao quarto, que nos diz que esta tudo bem.

O seu filho, partiu as duas pernas, sofreu um traumatismo craniano e tem graves lesões na coluna.

Foram as piores palavras que ouviram até hoje, vão para sempre ficar nas suas memórias.Desde então Tiago anda na cadeira de rodas, sem sequer ter possibilidades de um dia poder voltar a andar devido à gravidade da lesão. Parte do rosto está também marcado a quando da queda no chão. Foi apresentada queixa nesse mesmo dia, mas ninguém viu a matrícula do carro, a polícia também não encontrou ditoso carro e, até então Tiago tem vivido às custas do seu sonho. Da sua força de vontade, da sua vontade de viver ele conseguiu passar 3 anos, com as melhores notas da turma, com o melhor desempenho intelectual.
Porque é que nós não temos essa força de vontade?

Porque é que temos sempre pressas em chegar a todo o lado?

Porque é que não conseguimos viver em sociedade conforme as regras que estabelecemos?

Porque é que não nos respeitamos?

Porque é que temos a mania do “normal”?

Porquê tanta coisa?

Agarrem-se a este exemplo de vida!


12 comentários:

Anónimo disse...

Já que sou a primeira , queria dizer-te que és a pessoa que mais geito tem para contar histórias , com lições de vida , e tudo o resto ! Está bonito ? Não . Está Brutaaaaal :D Joãoo Pereirinha , continua a escrever que eu continuo a visitar esta shit todas as 4ªs feiras ! ^^ Beijinhoo *

Matt disse...

Epa eu tamem axo que tens muito Jeito! com J! e para quem n tava com inspiraçao, inspiraste muita coisa!

Sim senhor, a nossa vida pode mudar de um dia para outro em questão de segundos! nunca é uma coisa garantida e devemos aproveita-la o melhor que podemos! Grande lição de vida! não esperava outra coisa!

João Pereirinha disse...

pois... é mesmo assim, a inspiração vai e vem... opah...

mas é mesmo isso, a vida pode mudar de um momento para o o outro e o mais importante é conseguirmos sempre gostar dela!

já agora obrigado pelos eloJios... xD

(epah isto ser dislexcico é lixado...)

Anónimo disse...

Meu Bro :')
Mais uma vez ao vir aqui ler-te senti que és das poucas pessoas que conheço que conseguem fazer com estes assuntos se 'sintam' e senti mais uma vez vergonha.

Vergonha do que somos,preocupamo-nos com tantas futilidades que até mete dó, 'o que vou vestir hoje?' e não nos sentimos previligiados por nao termos de pensar 'sera que hoje vai estar um revisor simpatico que me ajude a entrar pro metro?', enfim...e não é preciso inspiração para esccrever sobre isto, é preciso andar de olhos abertos, coisa que muitas pessoas não sabem o que é ou parecem nao querer saber.

Um apelo: ACORDEM -_-'

Angel from your Nightmare disse...

Concordo com a tete, acho que todos deveriamos sentir vergonha por nos preocuparmos com coisas sem importancia nenhuma quando nos deveriamos preocupar com situações como estas...Mas, como diz o povo, só nos preocupamos quando nos vemos nelas! Djami, mais uma vez surpreendeste...E pessoal, levantem a cabeça e em vez de olharem para o vosso umbigo, olhem em redor. há tanto mais para ver e ocupar as "nossas" cabecinhas ocas!

Portem-se...

Anónimo disse...

Olaa' :)

Bem, não tenho muito jeito para comentar , ou opinar sobre histórias que diga-se, deixam-me totalmente pasmada.. Devido a todas as situações que nos rodeiam, e todo o conjunto de problemas sociais seria fa'cil escrever uma histo'ria breve e perceptivel que traduzia o estado da nossa sociedade.. Dificil seria escreve-la bem, de uma forma que tocasse o leitor, permitindo que este interioriza.se o que lia. E tu conseguiste. Conseguiste para ale´m de tocar'me , sensibilizar-me o que fez com que a uma linha do final, os meus olhos se tapassem por la'grimas q queria cair..Arrepiei.me de uma maneira inesplica'vel , dando-me opurtinidade de reflectir sobre a nossa sociedade, sobre todos os acontecimentos e situações que nos enfrentam no quotidiano..

Isto tudo pa te dizer : JOAO E's o meu IDOLO =P

Continuaa.. :)
BeijinhO**

Anónimo disse...

sim sim João tens muito jeito :p a tété ja m tinha mostrado uma cena k tu escrevest e viu se logo k tens imenso jeito...xD

tens k fazer um textinho sobre Viana agora eheheh :p

bjinhoooo****

Rita disse...

A tua forma de descreveres as coisas é fantastica!
Já p não falar da historia. Isso entao ta demais! E olha q para qem tava sem saber o que escrever...fizeste um optimo trabalho.
e ali a tete tem muita razao no q diz... preocupamo-nos com coisas tao mesquinhas... =/

rr disse...

Mto bom!

A forma de escrever, leva a que se interiorize a vivência do individuo, a querer saber o que se passou e como.

E no fim... Deixa-nos a pensar...

Como as coisas podem mudar em segundos, e como tudo de repente pode ser diferente.

Realças ainda uma coisa importantissima para terminar: A força de vontade com que, mesmo assim, encara a vida!

Mtos parabéns pelo post ;)

Anónimo disse...

Enfim, sobre limitaçoes ha muito por escrever. Qualquer um de nos sabe, qualquer um que sai a rua.

Somos todos pessoas , jovens. É certo que nos rimos de algumas "desgraças" que passam por nos, mas no fundo sabemos que não esta correcto, mas rimos.

Não por maldade, mas por parvoice da altura.

Talvez todos devessemos conhecer mais, do que se passa com essas pessoas...

Quanto ao texto, ja sabes o que acho . :'D Escreves pa' caralho, sabes bem. Puxa bem o que as pessoas com problemas pensam. O que se peguntam a elas proprias, talvez à vida.

Com os melhores cumprimentos , do caralho que o foda ( so pra nao estragar a imagem de durao que me marca... xDD )

Abraço

Anónimo disse...

Muito bom , o texto ;)

Anónimo disse...

sem palavras =X

Parabéns :)